Goiânia e Aparecida perderam cerca de 60% dos passageiros

A crise no transporte público e insatisfação por parte dos usuários foi agravada com a pandemia da Covid-19. Os municípios de Goiânia e Aparecida de Goiânia juntos tiveram uma redução de quase 60% no número de passageiros desde março de 2020.

Na Capital, são menos 73,5 mil validações, 33,9% a menos. Já em Aparecida, que recebia 124.676 validações, teve um volume 25,8% menor na última sextafeira (18). Os dados são da Rede Metropolitana de Transporte Coletivo (RMTC).

Em 9 de março de 2020, antes da pandemia de Covid- 19, a RMTC registrava uma demanda de 521.963 passageiros.

Agora, num comparativo com a última sextafeira (18), a demanda foi de 358.577 usuários, uma redução de 31,3% durante todo o dia, ou seja, menos 163.386 validações deixaram de ser feitas ontem no sistema.

Seguindo a mesma base comparativa, antes da pandemia, o Sistema Integrado Metropolitano Anhanguera (Sima) tinha uma demanda de 180.076 validações em março de 2020. Na última sextafeira, (18) a queda foi de 32% nas validações no sistema. Foram 57.637 a menos.

A redução é devido à crise de mobilidade enfrentada pelas cidades brasileiras, conforme explica a arquiteta e urbanista especialista em mobilidade urbana Erika Kneib, do Mova-se Fórum de Mobilidade.

Entretanto, ela aponta que o aumento do preço do combustível pode representar uma oportunidade de desincentivo ao uso do automóvel e uma consequente migração de novos usuários para o transporte coletivo, favorecendo assim a mobilidade.

“Todos sabem que o transporte público coletivo de qualidade é o único modo motorizado de deslocamento capaz de contribuir efetivamente com uma mobilidade urbana sustentável. Porém, as cidades brasileiras ainda optam por modelos que acabam incentivando o uso do carro e da moto. Para ter qualidade, o transporte público coletivo precisa ter prioridade”, diz.

Esta priorização seria no sentido de ter políticas públicas nos três níveis de governo que garantam qualidade e competitividade a esse sistema público, avalia ela. “Permitir que o aumento dos combustíveis gere aumentos diretos nos custos desse sistema – e na tarifa – é trabalhar na contramão de uma mobilidade sustentável. Isso agravará a crise de mobilidade, gerando impactos econômicos, sociais e ambientais”, destaca a arquiteta e urbanista.

Tarifa e aplicativos

 Neste mês, o subsídio do transporte coletivo teve reajuste de R$ 2,47 no preço da passagem, mas os usuários continuaram pagando R$ 4,30. Embora o valor a ser cobrado pelas prestadoras de serviço tenha aumentado para R$7,02, o preço não irá afetar os usuários.

Miguel ngelo Pricinote, especialista em mobilidade do Mova-se Fórum de Mobilidade, esclarece que também fica redefinida a política tarifária da RMTC.

“Dessa forma deve ser possível oferecer diferentes produtos tarifários que sejam atrativos à demanda de passageiros e o transporte público coletivo na Região Metropolitana de Goiânia passará a ser o principal modelo de organização de serviços metropolitanos, não somente de transporte, no qual os agentes públicos criam ações em conjuntos para buscar o melhor serviço para população sem envolver as questões por menores como as eleições”, explica Miguel.

Por outro lado, o número de usuários nos aplicativos de transporte individual tem aumentado, afirma Miguel.

Segundo ele, diante o cenário caótico, os entes reguladores do transporte coletivo enfrentam limitações para implementar qualquer plano de ação emergencial. “Houve um aumento expressivo no uso do transporte individualizado, especialmente em serviços como Uber e Lyft. Paralelo a isso, o transporte público padece de falta de investimento em infraestrutura”, enfatiza.

A redução na quantidade de usuários do transporte público é consequência da crise de mobilidade enfrentada pelas cidades brasileiras

Novo sistema deve ser implantado a partir de abril

O novo formato do sistema de transporte público da região metropolitana de Goiânia deve começar a ser implantado a partir de abril. Neste mês, os próximos passos entram em discussão com a primeira reunião da Câmara Deliberativa de Transportes Coletivos (CDTC).

A Câmara terá representantes de Goiânia, Aparecida de Goiânia e Senador Canedo. Os membros serão responsáveis por indicar os estudos para a tarifa do sistema, o subsídio e quais programas serão inseridos, como o bilhete único e a tarifa de curta distância.

A lei da Rede Metropolitana de Transportes Coletivos (RMTC) estabelece que serão dez membros na CDCT, sendo quatro indicados pelo Estado, quatro por Goiânia, um por Aparecida e um por Senador Canedo.

Após as mudanças, ficou definido pela RMTC que o Estado e Goiânia terão participação de 41,2% cada. Já Aparecida terá participação de 9,4%, e Senador Canedo de 8,2%. Contudo, estes dois últimos ainda não têm participação definida, já que ambos não concordaram com o total de recursos.

Os valores garantem que os custos com gratuidades, a manutenção de terminais e o custeio do órgão gestor passem a ser divididos entre o estado e as regiões metropolitanas englobadas pelo transporte.

Outros municípios

 Segundo a lei, na medida em que outros municípios distintos dos mencionados vierem a ter sistemas próprios que não se limitem à ligação intermunicipal entre seu perímetro urbano e a cidade de Goiânia, as participações determinadas deverão ser revistas.

A matéria da Governadoria prevê o aporte financeiro a fim de viabilizar a reestruturação do capital social da CMTC. Também serão definidos nas leis de diretrizes orçamentárias, a partir da prevista para o exercício de 2022, os montantes consignados referentes ao artigo 6º da minuta apresentada, em conjunto com a Secretaria de Estado da Economia e em acordo com as previsões de base nos estudos de demanda e de despesas elaborados pela CMTC e pela Agência Goiana de Regulação, Controle e Fiscalização de Serviços Públicos (AGR), na forma de decreto, atendidas as disponibilidades do Tesouro estadual.

A correção das deficiências de ordem estrutural e conjuntural da rede de transporte coletivo, por meio da modernização e da melhoria dos serviços prestados, é componente de uma política social de valorização e estímulo do transporte coletivo na política pública metropolitana de mobilidade. (Especial para O Hoje).

O preço alto dos combustíveis pode representar uma oportunidade de desincentivo ao uso do automóvel e uma consequente migração de novos usuários para o transporte coletivo

Fonte: Jornal O Hoje – Goiás

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